O assunto que domina as rodas de conversa em Mossoró é a benevolência do empresário pernambucano Antonio Pacheco, que se dispôs a doar R$ 15 milhões para o complexo turístico de Santa Luzia, na serra Mossoró, inclusive com a construção de uma grande estátua.

Ao saber da existência do projeto, e da falta de recursos para concretizá-lo (nos dois sentidos), o empresário, homem de muita fé e devoto da santa em questão, resolveu doar a quantia necessária para que o projeto se tornasse realidade.

Pacheco esteve aqui no último fim de semana, oportunidade em que se reuniu com o prefeito, Francisco José Jr., e o vigário-geral, Pe. Flávio Augusto, oportunidade em que ultimaram os preparativos para o início das obras.

Pacheco contou toda a sua história de vida, enfatizando sempre sua fé, que, segundo ele, foi responsável por transformá-lo de menino pobre a um empresário de sucesso. Disse ainda que não queria nada em troca, que seu gesto é de fé e gratidão.

Nas ruas e redes sociais, poucos agradeceram o empresário. A maioria optou por desconfiar, com veemência até, de suas intenções. Uma desconfiança, no meu sentir, sem propósito. Já vi muita gente condenar antecipadamente um suspeito de ato criminoso, mas condenar, e previamente, um gesto de bondade, é a primeira vez.

Isso mostra como o brasileiro está descrente consigo mesmo. Parece-me que neste Florão da América as pessoas não confiam mais na própria sombra. Ora, por que desconfiar em abstrato, sem a existência ao menos de um indício de irregularidade?

A doação, caso se concretize, não favorecerá nem A e nem B, mas toda a cidade. É Mossoró que vai ganhar ou perder com a construção ou não da obra em tela. Daqui a cem anos ela estará lá, erguida, e todos nós no cemitério.

Deixemos que o Legislativo, o Tribunal de Contas e o Ministério Público analisem os trâmites. Não devemos condenar antecipadamente quem é acusado de cometer um crime, avalie quem anuncia um gesto de bondade.