Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Que o Partido dos Trabalhadores mudou radicalmente seu discurso (antes e depois de ter a caneta), isso todos sabem, mas não custa nada citar exemplos.

No dia 16 de março de 2006, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, recebeu da Caixa Econômica Federal os extratos bancários do caseiro Francenildo dos Santos. O PT queria descobrir se os depoimentos dele na CPI dos Bingos – revelando a existência da casa do lobby, em Ribeirão Preto -, era motivado por algum incentivo financeiro por parte da oposição.

Bingo, na conta havia um depósito de R$ 25 mil. Tudo então levava a crer que alguém deu tal quantia para que ele detonasse o PT. Todos os congressistas do partido da estrela vermelha fizeram discursos detonando o caseiro. Nenhum deles se voltou contra a quebra do sigilo sem autorização legal.

Diante da pressão, Francenildo teve que revelar um segredo. O depósito havia sido feito pelo seu pai biológico, que o escondia da família, mas o ajudava financeiramente. O pai nunca mais quis saber dele. O mundo ruiu para Francenildo, que até hoje sofre as consequências da ação protagonizada pelo PT.

DEZ ANOS DEPOIS…

No dia 16 de março de 2016, exatamente 10 anos depois da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo, o juiz Sérgio Fernando Moro vazou uma conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva.

Diferentemente de outrora, o PT não focou no conteúdo, mas na ilegalidade do vazamento. O presidente do PT afirmou: “Hoje nós estamos vivendo uma espécie de estado de exceção, dentro do estado democrático de Direito”. Dilma não silenciou: “Não há justiça para os cidadãos quando as garantias constitucionais da própria Presidência da República são violadas”.

Nenhum pio sobre o conteúdo, mas todas as vozes contra a forma, exatamente o inverso do que aconteceu no caso do caseiro. Mais um episódio que mostra como o PT mudou bastante. Na oposição era um, na situação era outro, completamente diferente.

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Uma resposta

  1. Não sei se o pior é dizer que o PT não se manifestou sobre o conteúdo dos áudios ou querer comparar a quebra do sigilo telefônico, exibido em rede nacional poucas horas após a gravação, da nossa chefe de estado (o que é não só ilegal mas crime de traição), expondo linguajar de trato pessoal e interpretações dúbias do conteúdo, com a quebra do sigilo bancário de francenildo.

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