Com 367 votos, a Câmara dos Deputados aprovou na tarde-noite de ontem o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma derrota fragorosa para o governo.

A votação, antes de tudo, mostrou o baixo nível de grande parte dos nossos deputados. Erros de concordância, discursos vazios e menções à parentes próximos marcaram a votação. Lembrou-me das Olimpíadas do Faustão, quando os participantes, antes de começarem as provas, mandavam alôs para os pais, filhos etc.

No Senado, o nível deverá ser mais avançado, vez que aquela casa, em sua maioria, é formada por decanos da política, como ex-governadores, ex-ministros, líderes nacionais. Espera-se que os debates sejam de alto nível, diferentemente da Câmara dos Deputados, onde as discussões mais pareciam brigas em cortiços.

No Senado, o primeiro passo é formar uma comissão com 21 senadores para dar um parecer sobre a admissibilidade ou não do processo. Em seguida o plenário julgará este parecer. Caso 41 senadores votem pelo processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff será afastada. Esta decisão deverá ser na sessão do dia 11 de maio.

Como 40 senadores já disseram abertamente que votarão pelo impeachment, basta apenas que um dos 21 que não opinaram ou se dizem indecisos também vote pelo impediamento. Por isso o afastamento temporário da presidente é praticamente inevitável.

Com a presidente afastada, o processo deverá durar até seis meses, ficando no comando dos trabalhos o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandovski.

Para o afastamento definitivo são necessários os votos de 54 dos 81 senadores, quando então o vice-presidente, Michel Temer, cumprirá o mandato presidencial até 31 de dezembro de 2018, ficando Dilma Rousseff inelegível por 08 anos.

Tudo isso mostra que no Brasil existe um parlamentarismo travestido de presidencialismo. Nenhum presidente se mantem no cargo se não tiver o apoio de, no mínimo, 1/3 do Congresso Nacional.