Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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De uns dias para cá, em razão de alguns projetos de lei envolvendo artistas de Mossoró, tem se falado muito a expressão “valorizar o artista da terra”. Sempre fui contra isso de valorizar o artista só por ele ser da terra, como se isso fosse uma obrigação. Ora, devemos valorizar o bom artista, seja ele de nossa terra ou de alhures. Em Mossoró tem muitos artistas bons, mas tem uns que botaram na cabeça que são talentosos e querem que acreditemos nisso, e que o apoiemos por ele ser “da terra”. Ora, quem gosta de terra é minhoca. Eu gosto da boa arte, seja ela produzida aqui ou no outro lado do mundo.

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 Na semana passada, uma vendedora de uma loja de roupas me telefonou convidando para eu aparecer no estabelecimento e ver as novidades da nova coleção primavera-verão. Eu estive na loja apenas umas três vezes, num intervalo de cinco anos. Tenho certeza que a vendedora não me conhece, que me telefonou a partir do cadastro. O curioso foi a linguagem que ela usou, como se de mim fosse íntima. “Erasmo, venha aqui tomar um café e ver as novas peças, aposto que você vai amar. Tem umas que são a sua cara”. A minha cara? De mim ela só conhece o número do telefone, como pode dizer isso? Seria mais convincente e elegante fazer o convite de forma mais impessoal, com base nos dados do cadastro, soaria mais sincero.

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O cara veio de outro estado trabalhar em Mossoró, onde tem posado de bacana e galanteador. Uma pessoa que trabalha com ele descobriu que em sua terra natal o moço é conhecido como “Fulano PLAY”. Como assim “play”? O que isso quer dizer, alguma pista? Só sei que não soaria bem eu ser chamado de “Erasmo Play”.

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I – Algumas pessoas costumam dizer que audiências públicas são inúteis, pois não resolvem nada. Não acho. Audiências públicas servem para que a sociedade tome conhecimento de determinado problema, ficando ciente de suas causas, consequências e possíveis soluções. São válidas neste sentido, o de alargar o conhecimento no tema em debate.

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II – Inúteis mesmo são as caminhadas pela paz. Desde quando um bandido vai deixar de matar outro ou de roubar por que dezenas ou centenas de pessoas foram às ruas vestidas de branco e com faixas de “não à violência”? Agora deixe. Bandido lá vai se sensibilizar com isso.

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Colunista social de Angicos anunciando que está promovendo uma feijoada para quem “faz e acontece”. Esse povo é uma comédia. O que diabos é “fazer e acontecer”?

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No último dia 22 de novembro a Câmara Municipal de Janduís foi palco do evento Beleza Mulher, às 9h. Na oportunidade, houve demonstração de produtos cosméticos da marca Mary Kay.  Eu já vi câmaras municipais serem palco de muitas coisas estranhas e nebulosas, mas sediar um evento de beleza é a primeira vez. Mas, dos males o menor. Diante de tantas coisas feias que ocorrem nas sessões, um dia dedicado ao belo serviu para desanuviar.

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O bom dos colunistas sociais são os adjetivos que eles usam, os quais, muitas vezes, nada tem a ver com o que eles querem qualificar. Ao falar sobre um museu existente em Macau, um colunista social escreveu que ele tinha “uma trajetória bonita e cativante”. Alguém avise a ele, primeiramente, que trajetória tem a ver com movimento, com caminho percorrido, e que, até onde sei, museus não ficam andando por aí. Também não se encaixa bem – para um museu – o adjetivo “cativante”, que significa algo atraente, sedutor.

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2 respostas

  1. Sobre dois dos temas acima: o colunista social de Angicos que você perguntou: “o que diabos é fazer acontecer”? Respondo: É o que a governadora Rosalba fez com o RN, cumprindo promessa de campanha.
    Sobre o Museu “andante” de Macau, que, segundo o colunista, tem “uma trajetória bonita e cativante”, prometo que quando ele, o Museu andador, vier aqui a Mossoró, vou visitá-lo pra conferir se ele me cativa! (rs)

  2. O post de hoje foi escrito “fumando numa quenga” rsrsrsrs

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